Jamille: a leoa “arretada”

Toda “baianidade” de uma soteropolitana, de alto astral, personalidade forte e guerreira, acima de tudo. Essas são as principais características de Jamille de Souza Garcia Neves (23 anos), uma das zagueiras titulares do título candango feminino do Real Brasília em 2019. Juntamente das outras companheiras, remanescentes da conquista invicta, com as demais que chegaram este ano, ela tem histórias de altos e baixos na carreira e na vida.

Bem precoce na paixão pelo futebol, Jamille teve seus primeiros contatos com a modalidade logo aos cinco anos de idade, quando ia com seu pai aos jogos do Bahia, time de coração à época (futuramente passou a torcer para o Vitória-BA). Além disso os olhos brilhavam quando via os amigos jogarem na rua.

Daí, algum tempo depois, o seu padrinho (Raimundo), conseguiu que ela fosse treinar em uma escolinha. Foram seus toques iniciais na bola. “Eu era a única menina do grupo. Naquela época não tinham escolinhas de futebol para as meninas. E foi assim que meu amor pelo futebol cresceu”, rememora Jamille.

Como a enorme fatia dos amantes do futebol feminino, a baiana logo passou a admirar a atacante Cristiane, mas com o passar do tempo Jamille começou a se identificar com as atletas de sua posição. “Posso citar a Mônica, a Rafaela e a Tainara, uma amiga de quem sou fã e me inspiro muito. Sempre que podemos, conversamos e ela vai me dando dicas de como posso melhorar a cada dia”, revelou.

Mesmo com a realidade complicada da modalidade no Brasil, ela diz jamais ter pensado em desistir do sonho, principalmente porque sempre teve o apoio de todos os seus entes. “Graças a Deus tenho uma família maravilhosa, que sempre me apoiou. Os que mais me ajudaram foram meu pai (Antônio) e meu tio/padrinho, Raimundo”, conta a zagueira, agradecida.

A sua carreira então foi deslanchando e logo foi parar nos maiores times do feminino na Bahia (o próprio Bahia, Vitória e Lusaca). Neste último foi o que mais permaneceu, por durante três anos. Por lá conquistou seus principais títulos, até então, de bicampeã baiana. Mas também marcou pela tristeza da dispensa, o que se traduz na maior tristeza de sua carreira. “Tinham que cortar gastos. Eu não estava esperando aquela situação, foi um baque, na verdade. Mas continuei a luta e logo consegui vaga em outro time”, desabafa Jamille.

Porém veio esse outro time citado pela jogadora, o Bahia, que também passava por uma crise. Enfim surgiu o Real Brasília. Mesmo receosa, ela aceitou a proposta e, como uma boa baiana, chegou como um trio elétrico para abrilhantar o grupo que viria a ser campeão candango de futebol de 2019. “Este sim, o melhor momento da minha carreira até hoje. Chegamos desacreditadas e mesmo com pouco tempo de trabalho conquistamos o nosso objetivo, fomos campeãs do estadual e conseguimos a vaga para a Série A2 do Brasileiro Feminino”, fecha com chave de ouro a entrevista.

CLUBES NA CARREIRA

 Lusaca-BA

Vitória-BA

Bahia

Real Brasília

PRINCIPAIS TÍTULOS

Campeonato Baiano – 2016 (Vitória-BA)

Campeonato Baiano – 2018 (Vitória-BA)

Campeonato Candango 2019 (Real Brasília) invicto